quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Amigos!

E Oscar Wilde escreveu ...


Escolho meus amigos não pela pele ou outro arquétipo qualquer, mas pela pupila.
Tem que ter brilho questionador e tonalidade inquietante.
A mim não interessam os bons de espírito nem os maus de hábitos.
Fico com aqueles que fazem de mim louco e santo.
Deles não quero resposta, quero meu avesso.
Que me tragam dúvidas e angústias e aguentem o que há de pior em mim.
Para isso, só sendo louco.
Quero os santos, para que não duvidem das diferenças e peçam perdão pelas injustiças.
Escolho meus amigos pela alma lavada e pela cara exposta.
Não quero só o ombro e o colo, quero também sua maior alegria.
Amigo que não ri junto, não sabe sofrer junto.
Meus amigos são todos assim: metade loucos, metade seriedade.
Não quero risos previsíveis, nem choros piedosos.
Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.
Não quero amigos adultos nem chatos.
Quero-os metade infância e outra metade velhice!
Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.
Tenho amigos para saber quem eu sou.
Pois os vendo loucos e santos, bobos e sérios, crianças e velhos, nunca me esquecerei de que "normalidade" é uma ilusão imbecil e estéril.


Acho que nunca ninguem descreveu a minha definição de amigo tão bem!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Big Brother Divino





Sábado, 21 horas da noite. Está na hora do programa favorito dos Deuses. Vénus, Marte, Hades, Thor e Odin juntam à mesa enquanto comem que nem uns PORCOS do céu e embriagam-se com seus néctares divinos (claro que Thor e Odin preferem o Hidromel, bebida de macho compravável aos suminhos de uva que os paneleiros greco-romanos consomem). Um serão animado, acompanhado com piadas sobre a idiotice Humana feita à sua magnífica e idiota imagem. O programa está a começar, várias vidas são acompanhadas, os segredos descobertos, as alegria repetem-se juntamente com as desgraças num fio de cordel de Karma, coincidências e dejá vus. Temporada após temporada, são feitas apostas, Vénus aposta um dos fios de cabelo dourado como aquela princesa inocente vai conseguir encontrar o seu príncipe encantado, o Deus Marte por sua vez, aposta com um bater de punho forte no tampo da mesa (como se espera do deus mais MÁSCULO de todos faça) que o príncipe vai deixar a princesa para travar uma longa guerra e deixar a sua pseudo-amada, e por fim, o Deus do Submundo aposta uma das cabeças do seu cãozinho de guarda favorito de como o príncipe vai padecer com uma lança atravessada nos tomates e a princesa vai sufocar no seu próprio choro, baba e ranho.
Thor e Odin, estão-se a cagar para os humanos, continuam a beber o seu Hidromel alheios a tudo, novelas humanas não lhes dizem nada, eles acabam por morrer, desaparecer e a maior parte nem deixa o seu rasto na História. Porque se haviam de preocupar?

Acho que a minha vida deve ser o programa favorito do serão de Domingo à tarde (quando não há nada para fazer e os tascos do Olimpo estão fechados). Não percam a próxima temporada porque ELES certamente que não irão deixar-me em paz com as suas surpresas e reviravoltas! Fuck Yeah.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

The Dark Passenger


"Dexter Morgan: I'm Dexter and I'm not sure what I am.
Narcotics Anonymous Group: Hi, Dexter.
Dexter Morgan: I just know there's something dark in me and I hide it. I certainly don't talk about it, but it's there always, this Dark Passenger. And when he's driving, I feel alive, half sick with the thrill of complete wrongness. I don't fight him, I don't want to. He's all I've got. Nothing else could love me, not even... especially not me. Or is that just a lie the Dark Passenger tells me? Because lately there are these moments when I feel connected to something else... someone. It's like the mask is slipping and things... people... who never mattered before are suddenly starting to matter. It scares the hell out of me."


É por estas e outras que adoro esta série.


A máscara escorrega-me da cara e não tenho mãos para a segurar.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

The Old and Brave New World


Hoje, ás 18h00 viajava eu de autocarro. Eu sou daquelas pobres almas que está constantemente a olhar pela janela fora, mesmo que conheça todas as ruas, todos os cantos e todos os rostos familiares que entram naquele veículo na hora de ponta. O abrandar e o arrancar do autocarro, os berros das crianças e o livro de reclamações ao vivo das velhotas nos lugares ao lado, fazem a minha mente fugir para um estando de sonolência e trance enquanto olho meia em estado de hipnose para os seres saturados da rotina que olham de um lado para o outro, esperando sair da rotina, chegar a casa, passar a ferro, ver a novela e voltar para vidinha repetitiva outra vez sem reclamar.

Hoje, na minha viagem mental de autocarro ás 18h30 pensei no Destino. Sim, no Destino, um tema improvável para se pensar num autocarro cheio, era mais natural se pensasse nos trabalhos para a faculdade, no jantar que ia comer quando chegasse a casa, os problemas do trânsito, o que vestir amanhã ... No apogeu da minha pequena, privada, pessoa e intransmissível viagem, cheguei 'a brilhante e doente conclusão que o Destino é um autocarro (esta Ana bate mal, pensa alguém completamente aleatório a ler este texto). É verdade, as paragens do Destino são sempre as mesmas. Novas pessoas entram, outras saem. Podemos ver rostos familiares perdidos em memórias a quem esboçamos um sorriso ténuo e piscamos o olho num gesto cordial e amigável. Podemos encontrar pessoas que odiamos cuja a proximidade do seu cheiro nos incomoda. Tentamos sentar o nosso coração naquele lugar especial mas não há espaço suficiente para nós. É num dado momento em que o autocarro esvazia e as luzes apagam numa tranquilidade abandonada. Colocamos um pé direito fora do autocarro e procuramos um novo Destino e um novo motivo para lhe seguir o rasto.
O novo autocarro arranca, fechamos os olhos e esperamos que o Destino desta vez nos conduza a um sorriso e coração novos. Caímos nessa ilusão e realmente acreditamos que podemos enganar o Destino, mas ele é manhoso e o maior dos aldrabados somos nós. Abrimos os olhos e a estrada continua a mesma com os mesmos buracos nas mesmas paragens. Quem nunca muda somos nós próprios.

You cannot change fate. However, you can rise to meet it, if you so choose.

Para onde vou?