quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

The Old and Brave New World


Hoje, ás 18h00 viajava eu de autocarro. Eu sou daquelas pobres almas que está constantemente a olhar pela janela fora, mesmo que conheça todas as ruas, todos os cantos e todos os rostos familiares que entram naquele veículo na hora de ponta. O abrandar e o arrancar do autocarro, os berros das crianças e o livro de reclamações ao vivo das velhotas nos lugares ao lado, fazem a minha mente fugir para um estando de sonolência e trance enquanto olho meia em estado de hipnose para os seres saturados da rotina que olham de um lado para o outro, esperando sair da rotina, chegar a casa, passar a ferro, ver a novela e voltar para vidinha repetitiva outra vez sem reclamar.

Hoje, na minha viagem mental de autocarro ás 18h30 pensei no Destino. Sim, no Destino, um tema improvável para se pensar num autocarro cheio, era mais natural se pensasse nos trabalhos para a faculdade, no jantar que ia comer quando chegasse a casa, os problemas do trânsito, o que vestir amanhã ... No apogeu da minha pequena, privada, pessoa e intransmissível viagem, cheguei 'a brilhante e doente conclusão que o Destino é um autocarro (esta Ana bate mal, pensa alguém completamente aleatório a ler este texto). É verdade, as paragens do Destino são sempre as mesmas. Novas pessoas entram, outras saem. Podemos ver rostos familiares perdidos em memórias a quem esboçamos um sorriso ténuo e piscamos o olho num gesto cordial e amigável. Podemos encontrar pessoas que odiamos cuja a proximidade do seu cheiro nos incomoda. Tentamos sentar o nosso coração naquele lugar especial mas não há espaço suficiente para nós. É num dado momento em que o autocarro esvazia e as luzes apagam numa tranquilidade abandonada. Colocamos um pé direito fora do autocarro e procuramos um novo Destino e um novo motivo para lhe seguir o rasto.
O novo autocarro arranca, fechamos os olhos e esperamos que o Destino desta vez nos conduza a um sorriso e coração novos. Caímos nessa ilusão e realmente acreditamos que podemos enganar o Destino, mas ele é manhoso e o maior dos aldrabados somos nós. Abrimos os olhos e a estrada continua a mesma com os mesmos buracos nas mesmas paragens. Quem nunca muda somos nós próprios.

You cannot change fate. However, you can rise to meet it, if you so choose.

Para onde vou?

2 comentários:

  1. ADOREI este post, e mais uma vez vi-me nele.
    Ando muito de autocarro e fujo aos stress das viagens, viajando também no pensamento. Concordo com tudo o que disseste, excepto quando dizes que nós não mudamos. Podemos não mudar na nossa essência, mas se houver um dia em que mudamos a nossa forma de ver as coisas, até essa estrada cheia de curvas e buracos se torna diferente. Já "fiz o teste" e resulta. Ao acordar um dia bem disposta, "a vida é bela". Pode desmoronar tudo entretanto, mas naqueles minutos em que te sentes bem, os buracos na estrada desaparecem, é tudo mais leve e positivo. E por aí fora.

    Beijo, querida*

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  2. Aquilo que eu quis dizer, é que embora mudemos muitas vezes caímos sempre no mesmo erro.

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